Avatar: Fogo e Cinzas | Oona Chaplin revela que sua voz baixou uma oitava e a cena entrou no corte final; entenda

Em entrevista ao TNM BackstageOona Chaplin acabou revelando muito mais sobre Varang, a personagem que ela interpreta em Avatar: Fogo e Cinzas, do que qualquer sinopse oficial poderia antecipar. Longe de ser apenas mais uma líder Na'vi, Varang nasceu de um processo intenso, quase ritualístico, que envolveu domínio físico, espiritual e vocal. E isso aparece de forma decisiva em uma das cenas mais comentadas do filme.

Um dos momentos mais curiosos relatados pela atriz envolve a cena com Spider, sobre Eywa. Segundo Oona, a sequência foi gravada várias vezes, mas houve um take específico em que "tudo se encaixou": a coreografia, o movimento do corpo, a tensão dramática e, principalmente, a voz. Foi nesse momento que sua voz baixou uma oitava, e esse acabou sendo o take escolhido para o corte final. Veja a cena a seguir.





Cena de Avatar: Fogo e Cinzas

Para quem não está habituado a termos musicais, baixar uma oitava significa falar ou emitir um som em um registro consideravelmente mais grave, com metade da frequência do tom original. O efeito é imediato: a voz ganha peso, autoridade e um impacto quase físico. No caso de Varang, esse detalhe vocal transforma a cena em um verdadeiro ponto de virada emocional.

A própria Oona descreve esse instante como algo que não foi totalmente planejado, mas também não foi acidental. Ela estava "em fluxo", completamente conectada ao momento. Quando finalmente sentiu que Varang estava no controle absoluto da situação, o corpo respondeu e a voz acompanhou. É cinema acontecendo no limite entre técnica e espontaneidade, algo que James Cameron sempre soube reconhecer e valorizar.


James Cameron e Oona Chaplin nos bastidores de Avatar 3 (20th Century Studios)

Cameron surge na conversa como uma influência direta na construção da personagem. Oona revela que se inspirou nele não por qualquer traço de dureza ou vilania, mas pela integridade com que exerce liderança. Segundo ela, quando Cameron diz "vá", as pessoas simplesmente vão, não por medo, mas por confiança absoluta. Era esse tipo de poder, silencioso e inquestionável, que ela queria imprimir em Varang. Uma líder cuja força vem da coerência entre palavra, gesto e intenção.

O processo de criação da personagem também passou pelo corpo. Oona ajudou a desenhar as armas de Varang e desenvolveu uma dança ritual com fogo, descrita de forma bem-humorada como algo entre "quadris de salsa" e energia Shakira, mas que, na prática, nasceu do manuseio dos Bugang, armas que exigem fluidez e precisão quase hipnóticas. Esse movimento serpentino acabou se tornando uma chave para entender como Varang se desloca, ataca e domina o espaço ao seu redor.


Cena de Avatar Fogo e Cinzas

Há ainda um aspecto espiritual forte nesse mergulho. Durante o período de preparação, Oona convivia com um ancião maia, Tata Pedro, que realizava cerimônias de fogo tradicionais. Essa vivência alterou completamente sua percepção do elemento, ela passou a enxergar o fogo não apenas como força de destruição, mas como um catalisador primal da vida cotidiana. Segundo ela, desde então a cozinha se tornou uma espécie de primeiro altar: ali convivem fogo, água, terra e ar, reunidos em um mesmo espaço. Acender o fogão, diz Oona, passou a ser visto como uma chama vital, uma faísca de vida destinada a nutrir toda a família; uma mudança de percepção que, nas palavras da atriz, a reorientou.

Não por acaso, o fogo em Fogo e Cinzas parece carregar uma dimensão simbólica muito mais profunda e se manifesta na própria presença da personagem, que também se move sinuosa como as chamas. Curiosamente, para finalizar, a atriz também conta que precisou criar pequenos rituais pessoais para "ligar" e "desligar" Varang ao fim de cada dia de filmagem. A personagem exigia tanta energia que precisava ser literalmente guardada, colocada de lado, para que ela [a atriz] pudesse voltar à própria vida.
 

Nenhum comentário: