Ainda Estou Aqui | Fernanda Torres e a intensa campanha do filme rumo ao Oscar
Em uma recente conversa com o canal UOL Prime, a atriz Fernanda Torres descreve a intensa campanha de promoção do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Aos 59 anos, a atriz reconhece a importância da maturidade para lidar com uma rotina intensa e cansativa de viagens e compromissos, que, de acordo com ela, demandam um "fôlego de campanha política". Em suas palavras, a maturidade ajuda a não se deixar levar por ilusões e a encarar o desafio com os pés no chão.
"Se eu tivesse 20 anos, estaria deslumbrada", disse a atriz, lembrando-se das primeiras experiências em festivais, quando se sentia uma "caipira no mundo", em seus termos. “Hoje eu conheço os códigos, estou no mundo e já não tenho medo dele. É uma realização estar nessa campanha e perceber como o cinema brasileiro pode ser ouvido”.
Com o diretor Walter Salles e o colega de elenco Celton Mello, Fernanda tem cruzado o Atlântico repetidamente para sessões em Veneza, Toronto, Nova York e Londres. Mesmo desconfortável com a frequência dos voos, ela encara a maratona de eventos e sessões de perguntas e respostas, com a certeza de que cada aparição pública é uma oportunidade de fazer o filme ser visto e compreendido.
A atriz relembrou a dificuldade enfrentada por sua mãe, Fernanda Montenegro, quando fez campanha com Central do Brasil em 1999, reforçando o quanto a dedicação a uma campanha internacional pode ser desgastante. "Minha mãe desapareceu na época, foi abduzida", comentou, relembrando o comprometimento necessário para ganhar visibilidade no cenário do Oscar.
Para Fernanda, o mais emocionante tem sido a oportunidade de apresentar o filme no Brasil, onde a história de Eunice Paiva — mulher que se vê diante da tragédia pessoal em meio à repressão da ditadura militar — toca feridas profundas da história do país. "Este filme não fala só sobre o passado; ele é sobre agora, sobre o Brasil de hoje, sobre como tratamos nossa história e a violência do Estado", disse a atriz.
Torres vê em Eunice Paiva um retrato potente da dor coletiva e da resistência, uma personagem que, em sua complexidade, representa tanto a força quanto a fragilidade do Brasil. "Eunice é uma heroína trágica, alguém que não se permite ser dominada pela autopiedade, mesmo carregando uma dor imensa. Ela é uma mulher que não se entrega, que continua a caminhar, mesmo quando o mundo desmorona ao seu redor," reflete Fernanda. Para a atriz, dar vida a Eunice é uma forma de homenagear as mulheres que enfrentaram — e ainda enfrentam — as injustiças do país, vivendo com coragem e dignidade apesar de todas as adversidades.
Eunice Paiva, na interpretação de Fernanda, torna-se uma representação não só das mulheres que sofreram com a ditadura, mas também de todos aqueles que, de alguma forma, vivem à margem, sob a constante ameaça de violência e exclusão. "O filme toca na ferida aberta que é nossa relação com o passado e o presente; ele levanta questões que ainda ressoam e que evitamos confrontar, como a violência de Estado que persiste nas periferias e nas comunidades indígenas", destaca.
No entanto, a atriz também encontra leveza e humor ao longo dessa campanha, principalmente através do apoio e carinho do público mais jovem. "Eu devo minha 'sobrevida' às novas gerações graças aos memes", brinca Fernanda, referindo-se ao impacto de seu trabalho cômico e suas personagens icônicas. "Esses memes são uma forma extraordinária de comunicação; eles trazem um frescor que me conecta com essa audiência de um jeito que eu jamais teria imaginado."
Apesar do peso dos temas do filme, Fernanda se sente revigorada ao ver a ressonância da história com o público nacional e internacional. "Apresentar esse filme no Brasil é algo único, uma emoção imensa. Poder falar sobre ele em português, em casa, com a nossa gente, é uma honra", comenta a atriz, visivelmente emocionada.
Fernanda ainda reflete sobre o que essa campanha representa em termos pessoais e profissionais. “É como se minha carreira de cinema estivesse em um novo capítulo, um reencontro com papéis que exploram profundamente as emoções humanas, a complexidade do Brasil e a minha própria trajetória.” Para ela, a jornada de Ainda Estou Aqui não é apenas sobre reconhecimento internacional, mas sobre dar visibilidade a uma parte do Brasil que precisa ser escutada — e, ao lado de Walter Salles e Celton Mello, ela está determinada a continuar a lutar para que a voz de Eunice e de tantos outros brasileiros chegue ao mundo inteiro.
Entrevista UOL Prime
Com o diretor Walter Salles e o colega de elenco Celton Mello, Fernanda tem cruzado o Atlântico repetidamente para sessões em Veneza, Toronto, Nova York e Londres. Mesmo desconfortável com a frequência dos voos, ela encara a maratona de eventos e sessões de perguntas e respostas, com a certeza de que cada aparição pública é uma oportunidade de fazer o filme ser visto e compreendido.
A atriz relembrou a dificuldade enfrentada por sua mãe, Fernanda Montenegro, quando fez campanha com Central do Brasil em 1999, reforçando o quanto a dedicação a uma campanha internacional pode ser desgastante. "Minha mãe desapareceu na época, foi abduzida", comentou, relembrando o comprometimento necessário para ganhar visibilidade no cenário do Oscar.
Para Fernanda, o mais emocionante tem sido a oportunidade de apresentar o filme no Brasil, onde a história de Eunice Paiva — mulher que se vê diante da tragédia pessoal em meio à repressão da ditadura militar — toca feridas profundas da história do país. "Este filme não fala só sobre o passado; ele é sobre agora, sobre o Brasil de hoje, sobre como tratamos nossa história e a violência do Estado", disse a atriz.
"Ainda Estou Aqui" (Imagem de divulgação) |
Torres vê em Eunice Paiva um retrato potente da dor coletiva e da resistência, uma personagem que, em sua complexidade, representa tanto a força quanto a fragilidade do Brasil. "Eunice é uma heroína trágica, alguém que não se permite ser dominada pela autopiedade, mesmo carregando uma dor imensa. Ela é uma mulher que não se entrega, que continua a caminhar, mesmo quando o mundo desmorona ao seu redor," reflete Fernanda. Para a atriz, dar vida a Eunice é uma forma de homenagear as mulheres que enfrentaram — e ainda enfrentam — as injustiças do país, vivendo com coragem e dignidade apesar de todas as adversidades.
Eunice Paiva, na interpretação de Fernanda, torna-se uma representação não só das mulheres que sofreram com a ditadura, mas também de todos aqueles que, de alguma forma, vivem à margem, sob a constante ameaça de violência e exclusão. "O filme toca na ferida aberta que é nossa relação com o passado e o presente; ele levanta questões que ainda ressoam e que evitamos confrontar, como a violência de Estado que persiste nas periferias e nas comunidades indígenas", destaca.
No entanto, a atriz também encontra leveza e humor ao longo dessa campanha, principalmente através do apoio e carinho do público mais jovem. "Eu devo minha 'sobrevida' às novas gerações graças aos memes", brinca Fernanda, referindo-se ao impacto de seu trabalho cômico e suas personagens icônicas. "Esses memes são uma forma extraordinária de comunicação; eles trazem um frescor que me conecta com essa audiência de um jeito que eu jamais teria imaginado."
Trailer do filme
Fernanda ainda reflete sobre o que essa campanha representa em termos pessoais e profissionais. “É como se minha carreira de cinema estivesse em um novo capítulo, um reencontro com papéis que exploram profundamente as emoções humanas, a complexidade do Brasil e a minha própria trajetória.” Para ela, a jornada de Ainda Estou Aqui não é apenas sobre reconhecimento internacional, mas sobre dar visibilidade a uma parte do Brasil que precisa ser escutada — e, ao lado de Walter Salles e Celton Mello, ela está determinada a continuar a lutar para que a voz de Eunice e de tantos outros brasileiros chegue ao mundo inteiro.
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