9 Filmes com Ana de Armas e um Bonus

Ana de Armas está de volta em Bailarina, derivado do universo John Wick, e chama atenção mesmo em meio a balas, sangue e coreografias milimetricamente orquestradas. É um filme de ação, sim, mas o que ela entrega ali vai além do que se espera de um spin-off: há controle, presença e uma dor silenciosa que atravessa a personagem.

A seguir, reuno nove filmes onde a atriz demonstra algo que vem construindo com consistência ao longo da carreira: versatilidade, magnetismo e uma habilidade particular de marcar presença mesmo nos espaços mais inesperados.






1. Blade Runner 2049 (2017/capa)


Ao lado de Ryan Gosling e sob a atmosfera fria e melancólica de Denis Villeneuve, Ana de Armas interpreta Joi, uma inteligência artificial criada para oferecer afeto a quem não tem. 

Em um filme sobre o que nos faz humanos, é justamente a presença artificial de Ana, como namorada holográfica, que concentra os momentos mais emocionais. O paradoxo é potente: o amor mais sincero do filme nasce de uma ilusão. É uma atuação silenciosa, repleta de nuance, onde cada olhar é calculado, mas também carregado de um desejo genuíno de ser percebida.



2. Entre Facas e Segredos (Knives Out, 2019)


Num elenco recheado de estrelas como Daniel Craig, Chris Evans e Jamie Lee Curtis, Ana de Armas é Marta Cabrera, a cuidadora que se vê no epicentro de uma morte suspeita e de uma fortuna em jogo. 

Ao contrário do estereótipo da mulher sedutora, ela assume aqui a função de consciência moral do filme – um corpo estranho numa família de hipócritas. O diretor, Rian Johnson constrói uma sátira elegante em torno da elite decadente, e Ana guia a trama com humanidade e verdade. Seu rosto, sempre no limiar entre culpa e ingenuidade, nos faz acreditar nela quando o próprio roteiro nos pede dúvida.

Esse é quase um papel-curinga para mim. Levei alguns anos para realmente notar a presença de Ana de Armas nele – o que, sendo bem franco, é ainda curioso vindo de mim. Talvez porque sua atuação seja tão sutil e integrada à trama que ela se esconde à vista de todos, o que só reforça a inteligência do papel e a delicadeza com que ela o conduz. Até hoje, vejo gente se surpreendendo quando percebem a atriz nesse filme.


3. Blonde (2022)


Ainda me lembro do choque que esse papel causou – não só pelo conteúdo do filme, mas pela reação da crítica. Até hoje, não entendo como tantos analistas receberam Blonde com tamanho espanto. Talvez tenha sido a nudez, as cenas de sexo, ou o desconforto de encarar uma narrativa que se recusa a suavizar a dor. Para mim, Blonde é o verdadeiro divisor de águas na trajetória de Ana de Armas. Mais do que interpretar Marilyn Monroe, Ana se deixa consumir por ela.

Sob a direção de Andrew DominikBlonde não se preocupa em contar uma cinebiografia tradicional. É mais um pesadelo estilizado, um retrato fragmentado e brutal da mulher por trás do mito. Contracenando com Bobby Cannavale e Adrien Brody, Ana mergulha num papel exaustivo, onde o glamour serve apenas como verniz para uma dor que nunca some de cena. O filme se baseia no romance de Joyce Carol Oates, lançado em 1999 – uma ficção inspirada na vida real de Marilyn Monroe, cheia de passagens inventadas, mas que captura com precisão algo mais profundo: a solidão sufocante de uma figura pública que virou símbolo antes de ser ouvida.

A atuação de Ana é um corpo em ruínas, um grito constante por pertencimento, uma performance que incomoda mais do que encanta. Aqui, ela não está preocupada em imitar Monroe, mas em traduzir sua ausência, seu esvaziamento. É um papel que exige entrega radical – e Ana não se intimida.



4. Sem Tempo Para Morrer (No Time to Die, 2021)


No universo estilizado e testosterônico de James Bond, Ana de Armas aparece por cerca de 10 minutos como Paloma, uma agente cubana recém-formada – e absolutamente letal. É ao lado de Daniel Craig que ela nos oferece um dos momentos mais vivos do filme: uma sequência de ação coreografada com leveza, humor e brilho. Diferente da tradicional "Bond girl", Paloma tem uma presença refrescante, consciente de seu tempo em cena, sem ser definida pelo olhar masculino. É um momento breve, mas inesquecível – como uma fagulha em uma noite longa demais. 

A atriz não só surpreendeu pela beleza, sob a direção de Cary Joji Fukunaga, mas principalmente pela classe e precisão com que construíram a personagem. É uma atuação que eleva um papel pequeno a memorável – e talvez tenha sido essa performance que abriu caminho para que Ana ganhasse seu espaço no universo de John Wick com Bailarina. A atriz mostrou que sua presença vai muito além do visual.




5. O Informante (The Informer, 2019)


Num thriller sombrio que mistura FBI, máfia e lealdades em conflito, Ana de Armas assume um papel mais contido, mas emocionalmente necessário: ela é Sofia, a esposa de Pete Koslow (Joel Kinnaman), um informante preso entre mundos. 

A direção de Andrea Di Stefano prioriza o ritmo e a tensão, mas é nos pequenos gestos de Ana – um olhar, uma hesitação – que sentimos o impacto humano da trama. É como se sua personagem fosse a âncora silenciosa de um filme acelerado demais para escutá-la por completo. Ainda assim, sua presença ecoa.



6. Bata Antes de Entrar (Knock Knock, 2015)


Antes do mainstream, Ana mergulhou no cinema de terror e provocação de Eli Roth. Contracenando com Keanu Reeves, ela interpreta uma das jovens que invade a casa de um pai de família sob a promessa de diversão, mas transforma tudo em castigo. 

O filme é moralmente questionável – como boa parte da filmografia de Roth – mas é também um campo de ensaio para Ana explorar o lado mais manipulador e sensual de sua atuação. Há algo desconfortável no modo como ela nos seduz e repulsa ao mesmo tempo. Um filme imperfeito, mas revelador.



7. Cães de Guerra (War Dogs, 2016)


Aqui, Ana interpreta Iz, a namorada de David (Miles Teller), em meio a um mundo de tráfico de armas e mentiras. Todd Phillips dirige essa história real com o mesmo cinismo cômico que aplicaria em Coringa, anos depois. 

Ana não tem muito tempo em tela, mas sua personagem funciona como um contraponto emocional, lembrando ao protagonista – e a nós – que existe algo mais além do dinheiro e da ambição. Sua atuação é discreta, mas sincera, como quem carrega uma verdade que os outros personagens preferem esquecer.



8. O Recepcionista (The Night Clerk, 2020)


Esse é um suspense silencioso de Michael Cristofer, onde Ana atua ao lado de Tye Sheridan, interpretando Andrea – uma hóspede que desperta o interesse de um jovem com Síndrome de Asperger. A atmosfera lembra um Hitchcock melancólico: voyeurismo, segredos, quartos de hotel. 

Ana de Armas encarna o mistério. Sua personagem parece carregar várias histórias que nunca são ditas em voz alta. Seu rosto é ao mesmo tempo reconfortante e ameaçador. É um filme sobre observação, e a atriz se transforma justamente no que o protagonista – e o espectador – observa com fascínio e desconfiança.


9. Filha de Deus (Exposed, 2016)


Um dos filmes mais obscuros da carreira de Ana, e também o mais mal avaliado criticamente, marcado por polêmicas de pós-produção e reedição que tiraram o foco de sua história original. Contracenando com Keanu Reeves novamente, a atriz vive Isabel, uma jovem que começa a ter visões sobrenaturais após um evento traumático. 

Dirigido por Gee Malik Linton, o filme se perde entre realismo mágico e investigação policial, mas Ana entrega uma performance enigmática, onde fragilidade e fé se cruzam. Mesmo quando o filme tropeça, ela permanece com dignidade – como se soubesse que está em algo maior, que o projeto não soube alcançar.


(Bônus) Curiosidade: Una rosa de Francia (2006)


Antes de conquistar Hollywood, Ana de Armas deu seus primeiros passos no cinema com apenas 18 anos, nesse drama cubano de Manuel Gutiérrez Aragón

Gravado ainda em sua terra natal, o filme apresenta uma jovem Ana com uma entrega surpreendente para quem estava estreando. É curioso ver ali, ainda em formação, a mesma força silenciosa que ela traria anos depois para papéis muito mais complexos. Um começo singelo, mas que já deixava claro: havia algo nela que chamava atenção – mesmo quando tudo ao redor era ainda promessa.




Mais Listas:





Nenhum comentário: